O jovem mais inteligente e mais corajoso
na luta era considerado o chefe do grupo, e todos tinham os olhos fixados nele; acatavam as suas ordens e sujeitavam-se aos
seus castigos. Desse modo a educação era para os espartanos a aprendizagem da disciplina. As pessoas idosas vigiavam os jogos,
que na maior parte do tempo proporcionavam aos jovens motivos para altercações e conflitos. Com isso podiam tomar conhecimento
do caráter de cada jovem, da sua coragem e da sua constância nas competições.
Os jovens não aprendiam as letras senão na medida estritamente necessário. Todo o resto da educação visava prepará-los
para saberem deixar-se conduzir, para suportar a fadiga e para vencer em combate. À medida que avançavam na idade, eram-lhes
atribuídos mais exercícios. Eram rapados por completo, habituados a caminhar descalços e a jogar completamente nus a maior
parte do tempo.
Aos doze anos deixavam de usar a túnica e apenas tinham um manto para todo o ano. Andavam sujos, ignorando os banhos
e as fricções, salvo em certos dias do ano, em que participavam dessas delícias. Dormiam em conjunto, em grupos e por seções,
sobre esteiras que eles próprios preparavam, partindo com as mãos, sem ajuda de qualquer instrumento, as extremidades dos
juncos que cresciam ao longo do rio Eurotas. No inverno, juntavam cardos - planta que se diz libertar algum calor - aos juncos
dos seus leitos.