O
deus Osíris governava as aldeias que se espalhavam pelo extenso vale do rio Nilo. Era um rei sábio e muito querido, pois ensinara
o povo a plantar, a construir cidades e canais de irrigação, a adorar os deuses e a respeitar as leis. Sua esposa, a bela
Ísis, ajudou-o nessa missão, ensinando as mulheres a moer o trigo, a fiar o linho e a preparar poções curativas.
Osíris
tinha, contudo, um inimigo: seu irmão, o invejoso Set, que não suportava seu sucesso junto aos homens. Set resolveu eliminar
o rei e tomar o trono para si. Depois de muitas artimanhas, conseguiu trancar Osíris dentro de um caixão, selando-o com chumbo
derretido. O caixão foi jogado nas águas d Nilo e o rio o levou em direção ao mar.
Ao
saber do ocorrido, Ísis se desesperou. Cortou os longos cabelos negros, vestiu-se de luto e saiu em busca do caixão. Quando
o recuperou, abriu a tampa e deitou-se sobre seu amado, chorando de tristeza. Ficou muito tempo pousada sobre Osíris sob a
forma de um falcão com as asas abertas. Usando de toda sua magia, Ísis conseguiu engravidar do marido morto. Agora teria um
herdeiro para vingá-lo.
Mas
Set ainda não estava satisfeito. Tomou o cadáver de Osíris e despedaçou-o em quatorze pedaços, que espalhou por todo o reino.
Ísis recomeçou outra paciente busca do marido. Nos locais onde encontrou cada pedaço, fez um funeral simbólico e ergueu uma
lápide. Reunindo os pedaços, recompôs o corpo de Osíris e o embalsamou com a ajuda de Anúbis, o deus com cabeça de chacal
que era protetor das múmias.
Dessa
forma, Osíris pôde voltar à vida. Mas ele preferiu ficar no reino dos mortos e deixou seu governo na terra nas mãos de seu
filho póstumo, Hórus. Osíris era um rei justo e bom para os mortos que tivessem levado uma vida correta na Terra. Mas os maus
eram punidos: sua alma não teria direito à eternidade.
Hórus substituiu o pai e governou os homens na Terra. Continuou a luta contra Set, que o perseguiu por muito tempo.
Ísis protegeu o filho e o próprio deus Sol, Rá, o ajudou, proclamando que Hórus era também seu filho e que era dever das pessoas
amá-lo e respeitá-lo. Assim, Hórus governou os egípcios por toda a eternidade, encarnado no corpo do rei, o faraó. Desde então
o faraó passou a ser chamado de "Hórus vivo" e "filho de Rá". Ele protegia o povo dos perigos e maldades de Set. Se acontecesse
algum mal ao faraó, seria o fim do mundo e da humanidade.