Hoje você é quem manda, falou, tá falado, não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu.
Você que inventou esse estado, e inventou de inventar toda a escuridão.
Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão.
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia.
Como vai proibir quando o galo insistir em cantar.
Água nova brotando, e a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro.
Todo esse amor reprimido, esse grito contido, este samba no escuro.
Você que inventou a tristeza. Ora, tenha a fineza de desinventar.
Você vai pagar, e é dobrado cada lágrima rolada nesse meu penar.
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
Inda pago pra ver o jardim florescer, qual você não queria.
Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir, que esse dia há de vir antes do que você pensa.
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver a manhã renascer, e esbanjar poesia.
Como vai se explicar vendo o céu clarear de repente, impunemente.
Como vai abafar nosso coro a cantar na sua frente.
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal. Etc. e tal...